13.5.07

Censurado - Muito além do absurdo

Na mais recente recaída, a pretexto de proteger crianças e adolescentes (que é louvável) de conteúdos potencialmente impróprios difundidos por rádio e televisão, uma portaria do Ministério da Justiça lançou, um documento intitulado Manual de Classificação Indicativa.

Entre outras exigências, para obter sua classificação indicativa, o conteúdo dos programas deve ser visto e avaliado antes de ir ao ar. Serão funcionários do Ministério da Justiça, auxiliados por estagiários. O Manual de Classificação Indicativa tem um alto teor de dirigismo cultura. Um exemplo de sua fragilidade é oferecido pela seguinte passagem, que define "comportamentos repreensíveis e não desejáveis". Diz o manual: "São contextos/cenas/diálogos que exemplificam, valorizam ou estimulam comportamentos tais como irresponsabilidade, egoísmo, desonestidade, desrespeito para com os demais, manipulação, preconceito, ameaça, fuga de conflitos - sem que, ao mesmo tempo, haja uma clara mensagem de repúdio a essas práticas." A frase, em sua vaga e quase infinita abrangência, equivale a uma sentença de morte proferida contra doa e qualquer modalidade de trama.
Carlitos, o imortal vagabundo criado por Charles Chaplin, ou o atormentado Hamlet, de William Shakespeare, dificilmente sobreviveria a tal crivo.
(fonte: Época - abril/2007)

2 comentários:

Evelyn In Mars disse...

Engraçado essa frase, eles não querem que as crianças cresçam manipuladoras, mas já na infância tem que conviver com esse tipo de manipulação. Muito irônico.

Evelyn In Mars disse...
Este comentário foi removido pelo autor.